30 abril, 2010

Sua ....Subjetiva!!!


“Até nos seus horários você é subjetiva!” Ouvia enquanto tentava mostrar a importância de um planejamento mensal de horários que fossem flexíveis o suficiente para atender às demandas das organizações que estávamos atendendo. Parecia lógico e pautado em novas perspectivas de gestão e nem um pouco “subjetivo”. Mas, muito, além disso, o que me chamava à atenção era isso: “quando chamar alguém de “subjetivo” tinha se tornado um insulto?” E porque agora sentia nessa afirmação desdém e deboche peculiar de quem encontra na “objetividade” motivo de orgulho. Não entendia.Não entendia mesmo.
Então decidi pensar sobre o que seria ser alguém subjetiva. O que seria isso? E quais os critérios para estabelecer se alguém deve ou não ser repreendida por esse tão terrível “erro”?
Subjetiva até com horários, pensava. Sim, sou. Sou já que só posso ser. Enquanto penso minha rotina, eu sou. Enquanto trabalho, eu sou. Enquanto estudo, namoro, compro, pago contas, eu sou. Enquanto alcanço resultados propostos pela empresa, sou subjetiva. E não há uma só atividade dessas em que minha subjetividade não esteja presente. Em todas elas, posso sentir meu corpo e minha alma regozijando ou pedindo socorro. E ali esta ela. Minha subjetividade. Estou e sou “sujeita”.
Enquanto alguns criticam tudo que não é pragmático, estudos começam a mostrar que a fluidez é o caminho. Flexibilidade e adaptabilidade: só se fala nisso no mercado de trabalho. Descobriram (oh!) que pessoas resilientes são mais produtivas, mais criativas e podem oferecer melhores soluções para o mundo dinâmico e global. Padrões objetivos e enrijecidos vão aos poucos abrindo espaço para um pensamento organísmico que reconhece a subjetividade por trás da “força de trabalho”. O mundo pede subjetividade na “mão de obra”. O mundo pede mão, pés, alma, emoção, força, poder e fraqueza, mas ainda não sabe disso.
“ Lógica da gestão flexível”, lembrava de uma aula em que se tratava desse assunto. Enquanto é sentido que falta alma nas ações, tentam criar um modelo de flexibilidade? Engraçado. Não parece lógico, nem objetivo.
O mundo sente que são necessárias mudanças, mas por algum motivo, ser sujeito é motivo de chacota. Sentir é futilidade e a “objetividade” (seja lá o que isso signifique) é endeusada a custo da saúde e vitalidade de todos.
Mas eu sigo: subjetiva até nos horários.